29 de jul. de 2010

Sinhá Ciata - Rainha da Pequena África - Carnaval 2001


Autor: Não informado



HISTÓRICO



Vindos da África distante, no período de escravidão, milhares de negros de várias etnias aqui foram fixados como escravos.



Apesar da violência da escravidão, os negros mantiveram suas culturas, suas crenças e valores religiosos, e tudo fizeram para preservá-los.



Os negros Bantos de caráter festeiro, logo se apropriam do calendário católico e com os Iorubás, Haussas, Malês e outros, buscaram através do sincretismo cultural novas formas para suas tradições e festejavam pelas ruas de Salvador os santos dos brancos com os Orixás dos negros.



E foi em Salvador, no ano de 1854 que nasceu Hilária Batista de Almeida, que ficou famosa na cidade do Rio de Janeiro pela sua grande contribuição aos rumos e desenvolvimento do samba, ou melhor, da música popular brasileira.



ENREDO



Assiata, Siata, Aciata, Ciata. Várias formas de grafar o nome e uma só mulher. Quituteira, doceira, partideira, festeira. Esta era Ciata de Oxum, feita no Santo, de Oxum, Orixá que expressa a própria essência da mulher, patrona da sensualidade. Assim era Sinhá Ciata, que mostrava o ritmo do corpo aos requebros, no miudinho, no samba de roda, e que cantando respondia o refrão mantendo o samba vivo.



É em sua casa que nasce o Rancho Rosa Branca e o Bloco O Macaco é Outro, bloco que nasce para brincar, fazer galhofa.



"Já surgiu meu macaquinho

Coitadinho

Quem nos dará razão

Que macacão"



Cheia de prestígio, de crescente sabedoria religiosa, Ialorixá festejada, em sua casa primeiro no Valongo e depois na Praça 11 convivia o religioso e o profano, com o samba na sala e o candomblé no terreiro, e se transformou pela boca dos negros, na Capital da Pequena África. Por sua respeitabilidade ajudada pelo marido funcionário público o que era respeitado na época, o espaço de sua casa era garantido; -sem a costumeira "batida da polícia", que proibia a manifestação dos negros - como local de afirmação do negro e onde se desenrolava atividades coletivas de organização, onde a vida dedicada ao trabalho não perdia a grandeza da alegria. Bem humorada atendia a todos que a ela ocorriam, e a quituteira Rainha mantinha as panelas sempre fumegantes para alimentar os corpos e avivar as almas no processo criador. Mas não bastava por isso ela levava seu tabuleiro de cocadas e outros doces para a Rua Sete de Setembro, Rua da Carioca, para que todos tivessem o privilégio de provar seus predicados.



As danças de cucumbis e os afoxés dos terreiros de candomblés ressurgiam em novas versões pelas mãos e criatividade dela e dos que a cercavam.



"O Peru me disse

Se o morcego visse

Eu fazer tolice

Que eu então saísse

Dessa esquisitice

De disse que não disse"



Era o primeiro samba gravado, a fazer sucesso, "Pelo Telefone" composto na casa de Sinhá Ciata, lá estavam Pixinguinha, Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Donga, que nas rodas de samba aprendiam as tradições musicais e buscavam novas formas que transformou no samba, na música popular brasileira.



Com o respeito à liderança negra da época, com o Jovino o "Lalau de Ouro", os Ranchos em desfile passavam em sua porta prestando homenagem a Bamba Ciata, que como um rainha os saudava. Lá na sua África particular se reforçava os valores do grupo, reafirmando o passado cultural e a vitalidade criadora. A religião e a música era o pólo catalisador da vida, do trabalho, do lazer, da solidariedade e da consciência. Era a recriação da África na pequena África particular criada por Sinhá Ciata.



COMPOSITORES: PAULINHO IMPRENSA/ ROBERTINHO DA TIJUCA



O SAMBA

NASCEU NA BAHIA

E FOI PRO VALONGO MORAR



NA PEQUENA ÁFRICA

O NEGRO ENCONTROU O SEU LUGAR



FAZENDO LOUVAÇÃO AOS DEUSES

TAMBÉM VERSANDO SAMBA

JOÃO DA BAIANA, DONGA

PIXINGUINHA, HEITOR DOS PRAZERES

SÓ GENTE BAMBA



NO INFINITO QUANDO CLAREIA

A LUA DE PRATA

FICA BONITO O BATUQUE

NO TERREIRO DA TIA CIATA



NEGRA RAINHA, BEM AMADA

POR SEU POVO

SEMPRE ABENÇOANDO A CADA UM

HOJE EU TAMBÉM QUERO SUA BENÇÃO

FILHA QUERIDA DE OXUM


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